domingo, 5 de julho de 2009

TRIBOS INDÍGENAS EM GOIÁS

Três tribos tristes — Cada uma das três culturas que compõem o Estado tem sua própria problemática e há uma em comum a todos: os números reduzidos de cada etnia. O novo Estado de Goiás, formado após a separação de Tocantins em 1990, possui atualmente 264 índios, divididos da seguinte maneira: 6 avá-canoeiros, 186 tapuias e 72 carajás. Vale lembrar que, em Goiás, o menor município é Anhangüera, que tem pouco mais de 800 habitantes — ou seja, a população indígena no Estado é irrisória. Mesmo assim, ela merece muita atenção aos seus respectivos problemas. “É fascinante pensar que temos três culturas distintas e duas línguas diferentes [os tapuias já esqueceram o idioma próprio] com tão pouco número de pessoas”, observa o professor. Os tapuias enfrentam, como maior problema, o preconceito. Miscigenados ao longo do tempo com a comunidade local, eles foram perdendo a sua cultura e seu idioma, se tornando alvo de preconceito por parte dos demais índios e também da comunidade “de fora”. Os tapuias obtiveram algumas vantagens nesse processo, entre elas uma maior facilidade de assistência. “A regulamentação dos tapuias é maior, dado o estado de aculturamento deles”, afirma Edson Beiriz. Ainda assim, eles querem sua cultura e sua língua de volta, contando para isso com a ajuda do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de Rubiataba. Márcio José de Jesus Tapuia que, como o sobrenome indica, é um índio tapuia e também faz parte do Conselho Estadual, confirma o preconceito e o desejo de recuperar sua herança perdida. De nome indígena Uirá (que significa o deus da Lua), ele foi escolhido pela comunidade por votação para integrar o conselho. Márcio conta sua história pessoal e alerta que os demais membros da tribo não passam por situação diferente. “O maior problema que a gente enfrenta é o preconceito, por causa de nosso pessoal hoje ser mestiço. Aí tem essa discriminação, e já enfrentamos isso até da parte de alguns índios”, conta. Ele, no entanto, acredita que a situação está melhorando graças à integração com as demais tribos. “Hoje, já temos um relacionamento melhor, através de pessoas que vamos conhecendo. Vamos fazendo amizades e, com isso, eles vão deixando o preconceito de lado.” Talvez a situação mais dramática, no entanto, seja a dos avá-canoeiros. Reduzidos a apenas seis integrantes eles estão, na opinião do professor Marco Antonio Lazarin, “quase que no extremo de sobrevivência étnica”. Dois deles são jovens — têm 14 e 15 anos, respectivamente. O restante viveu o bastante para se lembrar da perseguição que sofreu e temer o contato. “Eles se esconderam em Minaçu. Um dia, no entanto, ficaram tão acuados que ‘jogaram a toalha’ e fizeram contato, por volta dos anos 80”, conta o professor. Há a tentativa de integrar os avá-canoeiros de Minaçu com os que existem na ilha do Bananal e de mesclar o grupo com outros de etnia tapirapé, que possuem o mesmo tronco lingüístico. O número reduzido não facilita o acesso a boas condições por parte dos avá-canoeiros. A construtora da usina Canabrava, a belga Tractebel, prejudicou os membros da tribo com a construção desta usina. “Era um rio piscoso para os índios, mas sem grande importância para a população em geral. Com a subida das águas feita pela usina, houve uma atração dos grandes pescadores e também houve um alagamento da terra dos avá-canoeiros”, explica Marco. Edson Beiriz confirma a triste situação dos seis sobreviventes. ‘“‘Os programas específicos de educação e saúde foram feitos depois de constatados os estragos feitos pela União na construção da usina”, confessa.
Os carajás, assim como as duas tribos citadas anteriormente, têm seus próprios problemas. Um deles é relacionado como próprio resgate cultural da etnia o que, segundo Edson Beiriz, já está sendo razoavelmente solucionado. “Eles são um grupo em fase de resgate cultural, e estamos trabalhando nisso. Há um intercâmbio entre os Carajás de Aruanã e os índios da ilha do Bananal [no Estado do Tocantins], no qual se busca esse resgate. A festa do Aruanã, que faz parte da cultura deles e teve a sua última edição em 1962, será reeditada neste ano.

5 comentários:

  1. Estive por aqui em visita ao seu blog!! Abraços Ademar!!

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  2. Muito legal conhecer melhor nossa cultura.

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  3. Muito bom conhecer um pouco mais sobre a história do meu Estado amado!

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  4. Bom queria saber mais pois sou descendente dos tapuias entre em contato pelo telefone 62 9992-5451 welington

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  5. Muito bom saber sobre a cultura indígena do Estado de Goiás. Uma pena que existe esses problemas relatados no artigo, eles sofrem bastante.

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